24 de outubro de 2013

O druida e o payé


Um druida da antiga ilha verde encontrou certa vez um sábio ou um payé (como era conhecido em sua terra). Ambos se estranharam a princípio, se olharam com olhos curiosos e atentos a cada gesto, observando o andar, as vestes, os adereços, o cabelo e até as pinturas que cada um trazia no corpo... Depois de um certo tempo sentaram juntos e começaram a conversar. Conversa looonga... Falaram sobre o que faziam em suas tribos, sobre o que acreditavam, como se vestiam, como cantavam e guerreavam, o que comiam e como caçavam... Falaram sobre a terra de onde vinham, dos animais que conheciam, das árvores e plantas que lá havia. Falaram sobre muitas outras coisas que é até difícil de listar. Foram percebendo que tinham tanto em comum... Tinham suas diferenças também, claro, essas são óbvias. Mas tinham muitas semelhanças, sim, e essas são sutis... O modo como viam a terra e toda a natureza que os cercava, como se relacionavam com as almas daqueles que já se foram e como acreditavam que em tudo havia vida ou energia... Antes de findarem a conversa, o payé ofereceu de presente ao druida umas ervas que, segundo ele, curavam dores de todo o tipo, principalmente no peito, e também baixava a febre. Tirou de sua orelha um brinco com uma pena vermelha e também deu ao druida dizendo a ele que era de uma ave sagrada que dava poder e sabedoria à fala. O druida as recebeu com bom coração e ofereceu também umas ervas que trazia em sua pequena bolsa que, segundo ele, curavam qualquer veneno. Tirou da trança de seu cabelo uma pena preta e deu ao novo amigo explicando que também era de uma ave sagrada para seu povo e que ajudava a se comunicar com os antepassados e com quem estava distante. O payé sorriu agradecido. Os sábios se abraçaram, despediram-se e seguiram cada um o seu caminho. Cada qual com suas vestes, crenças, cantos e línguas. Cada qual do seu jeito, mas não mais os mesmos...