25 de novembro de 2012

Meditação de ida ao Fundo

Relacionada a roda de conversa que participei durante o III EBDRC, intitulada "Os sídhe e os encantados: traçando semelhanças e diferenças entre Druidismo e Encantaria amazônica". 


(foto de Mauricio de Paiva)

Esteja em um lugar calmo, onde não será perturbado por outras pessoas e barulhos. Se preferir, coloque uma música calma de fundo, som de águas, rio ou mar são ideais. Ou então, prefira somente o som da sua respiração. Se quiser acenda um incenso, mas não o coloque muito perto de você, para não irritar a garganta ou nariz. Coloque diante de você ou no seu altar/centro devocional (caso faça essa meditação próximo a ele) um recipiente com água limpa, e se preferir derrame umas gotas de essência perfumada na água (sugiro essência de breu branco, rosas brancas, jasmin ou outra suave). Feche seus olhos, respire profundamente, inspirando pelo nariz e expirando pela boca. À medida que respira, visualize o mar e sincronize sua respiração com o ir e vir das ondas. Quando sentir-se bastante relaxado e a respiração profunda for “automática”, veja-se diante de um igarapé, rio ou grande lago. Sinta a areia sob seus pés, sinta a brisa tocar sua pele, veja as águas limpas e profundas do igarapé a sua frente. Atrás de você e mais ao longe está uma densa floresta. Perceba se está de dia ou de noite. Você escuta pássaros cantando, e avista outros voando no céu acima de sua cabeça. Como são esses pássaros? Preste atenção nas águas a sua frente... A cor... A correnteza... O som do rio ou igarapé... De repente, você escuta um longo e fino assobio, vindo das águas... E então, você ouve uma doce música, uma doce voz que parece vir do fundo das águas e ao mesmo tempo parece estar próximo ao seu ouvido... Escute essa música por um tempo... Você sente que deve entrar no rio, ele lhe chama e você não tem nada a temer. Caminhe em direção ao rio. Sinta a água fria tocar seus pés, canelas, joelhos, coxas, barriga, peito e ombros. Respire fundo e mergulhe! Nade um pouco, sinta as águas acariciarem seu corpo, você é como um peixe, uma sereia, um golfinho... Você consegue até mesmo respirar debaixo d’água! Mergulhe mais e você percebe que o rio é mais fundo do que pensava... De repente, você enxerga vindo em sua direção um animal. O que é? Um boto? Peixe? Cobra? Ele não parece ameaçador, e não te assusta nem um pouco. Ele te olha nos olhos e você entende que ele quer que você suba nele, para que ele te leve mais ao Fundo. E você sobe gentilmente nele. Ele mergulha com você mais e mais fundo nas águas, à medida que vai tudo ficando escuro até você não enxergar mais nada, apenas sente a água e o animal que te guia... De repente, você vê uma claridade a sua frente, ainda longe. Uma luz que vai aos poucos aumentando conforme vocês se aproximam dela. Aproximando, aproximando... Nadando, nadando em frente... E então, você percebe que estão chegando perto de uma cidade. Uma grande cidade que reluz toda a ouro, como se o próprio sol estivesse ali no centro. O animal que lhe guiava se aproxima do fundo e então você desce e toca o chão, e sente que pode caminhar normalmente. Você caminha em direção ao portão de entrada da cidade, onde você vê que alguém lhe espera. Como é esse alguém? Ele(a) lhe sorri e pede para que o acompanhe. Você entra na cidade e vê pessoas, seres, animais caminharem nas ruas. Alguns te observam, outros te sorriem, outros te ignoram simplesmente. Como são os moradores dessa cidade? Perceba como é essa cidade... Você vai caminhando, acompanhando o seu guia, até que chegam à entrada de um palácio, no meio da cidade. Observe como é o palácio... As portas se abrem lentamente, e no grande salão do palácio uma grande e alegre festa está acontecendo. Não coma e nem guarde para si nada que há ali. Caso lhe ofereçam alguma comida ou bebida, agradeça a gentileza e recuse honrosamente. Aproxime-se do salão, observe as pessoas e seres que estão ali, dance se sentir vontade, brinque, sorria...! Todos ali são gentis e amigáveis. Uma pessoa se aproxima e diz que o rei e a rainha desejam lhe falar. Você segue adiante no salão e avista os tronos onde estão sentados o rei e a rainha. Observe como eles são e como estão vestidos. Aproxime-se e apresente-se. Ouça o que eles têm a dizer... Eles lhe entregam um presente, que você recebe e agradece. O que é esse presente? Em retribuição você tira do bolso ou bolsa que carrega um presente também, uma oferenda ao rei e rainha do Fundo. O que é que você entrega? ... Eles agradecem e abraçam você. Você também agradece e se despede, pois sente que já é momento de voltar. O animal que lhe guiou até o Fundo surge ao seu lado e lhe convida novamente para subir nele. Você olha a sua volta, agradece e se despede de todos, por enquanto. O animal lhe conduz para cima do palácio, em cujo teto há uma saída que dá acesso à correnteza das águas. Vocês seguem juntos pela correnteza, no ritmo das águas, fluindo no rio... Você olha para trás e vê a cidade se afastando. A escuridão novamente toma as águas, mas você se sente seguro, pois está na companhia de seu animal-irmão. A escuridão passa e você percebe que está se aproximando da superfície. Você consegue avistar acima de você o céu, a lua ou o sol... Então, finalmente você emerge das águas. Primeiro, sua cabeça, depois ombros, peito, barriga, pernas... Caminha até a margem, no exato lugar onde iniciou sua jornada. Seu corpo está molhado, mas você não sente frio. Seus pés tocam a areia... Você se vira e olha para seu amigo, o animal que lhe guiou durante toda a viagem. Você agradece, ele se despede e você sente que sempre que quiser ir ao Fundo basta chama-lo que ele virá para te guiar. Ele mergulha de volta nas águas profundas. Você se senta na areia, respirando fundo, e voltando lentamente ao aqui e agora do mundo cotidiano. Abra seus olhos.


Ao finalizar a meditação, celebre ouvindo essa lindíssima música =)


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