Um druida da antiga ilha verde encontrou certa vez um sábio
ou um payé (como era conhecido em sua terra). Ambos se estranharam a princípio,
se olharam com olhos curiosos e atentos a cada gesto, observando o andar, as
vestes, os adereços, o cabelo e até as pinturas que cada um trazia no corpo...
Depois de um certo tempo sentaram juntos e começaram a conversar. Conversa
looonga... Falaram sobre o que faziam em suas tribos, sobre o que acreditavam,
como se vestiam, como cantavam e guerreavam, o que comiam e como caçavam... Falaram
sobre a terra de onde vinham, dos animais que conheciam, das árvores e plantas
que lá havia. Falaram sobre muitas outras coisas que é até difícil de listar.
Foram percebendo que tinham tanto em comum... Tinham suas diferenças também,
claro, essas são óbvias. Mas tinham muitas semelhanças, sim, e essas são
sutis... O modo como viam a terra e toda a natureza que os cercava, como se
relacionavam com as almas daqueles que já se foram e como acreditavam que em
tudo havia vida ou energia... Antes de findarem a conversa, o payé ofereceu de
presente ao druida umas ervas que, segundo ele, curavam dores de todo o tipo,
principalmente no peito, e também baixava a febre. Tirou de sua orelha um
brinco com uma pena vermelha e também deu ao druida dizendo a ele que era de
uma ave sagrada que dava poder e sabedoria à fala. O druida as recebeu com bom
coração e ofereceu também umas ervas que trazia em sua pequena bolsa que,
segundo ele, curavam qualquer veneno. Tirou da trança de seu cabelo uma pena
preta e deu ao novo amigo explicando que também era de uma ave sagrada para seu
povo e que ajudava a se comunicar com os antepassados e com quem estava
distante. O payé sorriu agradecido. Os sábios se abraçaram, despediram-se e seguiram
cada um o seu caminho. Cada qual com suas vestes, crenças, cantos e línguas.
Cada qual do seu jeito, mas não mais os mesmos...
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