23 de maio de 2012

Um Conto de Criação


A Grande Divindade, aquela que reúne em si todas as formas e não-formas, no momento de criação do universo e de tudo o que existe, se iniciou a cantar. A primeira canção, a primordial canção assim nasceu. E nessa Grande Canção a Divindade falava sobre tudo o que desejava criar. Todos os seres, todas as coisas, tudo o que conhecemos e o que ainda vamos conhecer, eram proferidos dos lábios divinos, e no instante mesmo em que eram proferidos, as coisas e os seres todos iam surgindo. A criação florescia e se expandia por todo o universo, como inúmeras estrelas no céu escuro e como as minúsculas areias no mar infindo. Quando a Divindade se deu por satisfeita, olhou tudo o que sua canção havia criado e sentiu enorme êxtase, um prazer inexplicável, como o de uma mãe a receber pela primeira vez o filho em seus braços. De tanta alegria, de tanto prazer e enorme amor a Divindade simplesmente não aguentou, e num súbito grito se abriu inteira e numa explosão ela então se tornou. Se transformou em milhões de sementes de luz, pequenas na aparência mas grandiosas em sua essência. E cada semente de luz continha uma parte da Divindade, e cada semente de luz era a própria Divindade, que caia dos céus lenta e delicadamente, como penas ao vento, e se espalhavam por todo o canto, e se alojavam em cada coisa, animando a tudo e trazendo o divino alento. A Divindade então se fez em tudo, e tudo se fez na Divindade. E é por isso, que desde então, tudo é vivo. E é por isso que sendo vivo, tudo é sagrado. E é por isso que sendo sagrado, tudo é divino.
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