9 de janeiro de 2012

Nome, Palavra e Poder

"Um nome é mais que um nome, é um destino".


Ouvi esse provérbio enquanto assistia um documentário sobre a cultura e religião em Cuba. Achei mais que interessante. É profundamente verdadeiro. Lembrei imediatamente do mito de Cu Chullain, Taliesin, Llew Llaw Giffes e tantos outros que tem em seus nomes o destino e características pessoais impressas. Mesmo que algumas pessoas não acreditem, um nome diz muito sobre ela, seja esse nome o civil como também o religioso, que pode não ser o mesmo, principalmente nas tradições pagãs (como Druidismo, Wicca, Asatru...), e também na religião Hindu e na Hare Krishna.
O nome tanto diz sobre o seu portador, como também lhe dá alguns dons. Cu Chullain, o Cão de Cullan; Taliesin, da face brilhante; Llew Llaw Giffes, do braço longo ou do braço certeiro; Arianrhod, a Roda de Prata; Bran, Corvo; Morrighan, a Grande Rainha... Deuses e Deusas celtas cujos nomes nos falam de seus atributos e também de suas histórias, mitos.

Isso não é diferente dos nomes próprios comuns que conhecemos, como Talita, Maria, Pedro, Iara e tantos outros. Nomes são palavras, e palavras têm significado, que agrega não só uma ideia, mas toda uma realidade. Então, aquele antigo ditado que diz "a palavra tem poder", faz todo o sentido.
Os judeus e cristãos acreditam que Deus se fez em Verbo e o mundo foi criado. Os hindus creem que o universo surgiu da palavra primordial de Brahman, OM. Os irlandeses acreditam que o mundo nasceu e é uma grande canção, a Oran Mor. A palavra que carrega som e intenção, cria realidades. Um outro ditado nos diz para termos cuidado com o que pedimos, pois nosso desejo pode ser realizado. 
Tudo isso para mim liga diretamente a palavra com pensamento, o pensamento com intenção, a intenção com criação. E isso é poder. Isso é magia. Um sábio entende a verdade contida nessa relação.
Essas coisas me fazem refletir sobre a qualidade das palavras que proferimos e que ouvimos ao longo de nossa vida. Já parou pra pensar no que você escuta? A música, as notícias de jornais, a fala das pessoas que te rodeiam... Quanto lixo a gente escuta, e às vezes sem perceber, isso nos causa um mal... emocional, mental, físico e espiritual.

Em nossa sociedade infelizmente ainda prevalece uma cultura de violência ao invés de uma cultura de paz. Por que nos jornais as notícias são na maioria sobre violência e crime? Por que raramente vemos uma matéria sobre bons projetos sociais, culturais? Por que quase não vemos notícias de heróis e heroínas? E quase sempre são os vilões que ganham notoriedade? 
Semelhante atrai semelhante. Acredito nessa máxima. Parece que quanto mais vemos notícias ruins, mais coisas ruins acontecem. Como se fosse uma cadeia de ações se reproduzindo. E se (ou)víssemos mais coisas boas, notícias boas, projetos e ideais sociais, pessoas que realmente fazem a diferença? Será que isso estimularia que mais coisas boas acontecessem? Com certeza.

Há alguns anos um grupo de cientistas desenvolveu a partir de uma experiência com macacos a Teoria do Campo Mórfico, que diz que quando um número crítico de indivíduos alcança determinada forma de pensar e agir, uma mudança acontece e uma nova era se inicia. 
De uns anos para cá temos ouvido e visto tanta besteira na televisão, nas ruas, rádios, escolas, que já nem sabemos o que é importante e verdadeiro. São poucos os que honram uma promessa, honram sua palavra. Poucos falam e agem com verdade. As pessoas costumam valorizar mais o Ter do que o Ser.

Precisamos aprender e estimular os que estão a nossa volta a serem de fato verdadeiros, consigo mesmo e com o mundo. Precisamos entender que quando morrermos não levaremos nossas riquezas, carros, casas e dinheiro. Seremos lembrados pelo que dizemos, fizemos e fomos em vida. Precisamos estabelecer uma relação de respeito e harmonia com as outras pessoas, os outros animais e a natureza como um todo, pois nós somos parte dela. Concordo plenamente com L. Boff quando diz que estamos NA Terra, não sobre ela. 
Nossas palavras devem ser encaradas como orações, nossas vozes como ecos de nossa alma, que tocam outras pessoas, outras almas... O que dizemos não só é ouvido por outras pessoas, é levado pelo ar e pode ser ouvido pelos Deuses.
Pense um pouco agora. Que palavras costumam sair de sua boca? Que intenção acompanha essas palavras? Você percebe como elas te afetam? E como afetam o que e quem está a sua volta? 
Agora pense que tipo de palavras e coisas você poderia dizer a partir de hoje? Palavras positivas, sábias e verdadeiras, que façam bem a você e aos que te escutam. Palavras desencadeiam pensamentos, que resultam em ações. Pelo menos é assim que geralmente acontece. E é assim que acredito. 

“Quatro elementos da sabedoria: 
paciência, docilidade, sobriedade, polidez no falar, 
pois toda pessoa paciente é inteligente e toda pessoa dócil é sábia 
e toda pessoa sóbria é generosa e toda pessoa que fala com polidez é tratável” (tríade irlandesa). 

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