21 de dezembro de 2011

Vivendo os festivais sagrados


Hoje, 21/12/11, comemoro o solstício de inverno, quando as chuvas ficam mais intensas, o clima quase sempre nublado, encobrindo o sol, o que faz a temperatura cair um pouco. Os rios enchem, alagam as margens e fertilizam a terra. A água da chuva purifica e fertiliza a terra, assim como purifica e fertiliza nossa vida. Os antepassados são mais uma vez lembrados, suas almas e memórias honradas e os laços entre eles e nós são fortalecidos. Uma reflexão é feita sobre o ano que termina. Os ganhos, as perdas, as alegrias e tristezas, as lições aprendidas e os bons momentos vividos. Pede-se aos Deuses que as tristezas sejam levadas embora, que o coração e a mente sejam purificados, e que as alegrias se multipliquem no próximo ano.

Celebrando meu solstício de inverno:

Acordei nessa manhã de solstício de inverno, na cidade de Rio Branco/AC (onde estou passando minhas férias de fim de ano) o céu estava (e ainda está) nublado, havia chovido de madrugada ou talvez de manhã cedo, mas uma chuva fina ainda caia. O canto dos pássaros ia aos poucos me despertando para o dia. Uma serenidade florescia em minha alma... Depois de tomar o café, ouvi músicas do grupo Omnia e Luar na Lubre, e isso para mim, por si só já é um ritual de inspiração. 
Observava o céu e ao mesmo tempo em que meus olhos navegavam nas formas das nuvens e no voo dos pássaros, pensava sobre o meu ano de 2011. O que vivi, o que senti, o que não quero mais em minha vida, e o que quero que se perpetue e fortaleça.
Acendi um incenso de alecrim, fiz uma oração e caminhei pela casa com o incenso, imaginando e pedindo por purificação, luz, harmonia, prosperidade e alegrias. Deixei o incenso terminar de queimar na estante da sala e brinquei um pouco com a fumaça que saia do incenso... A música que tocava embalava meu corpo, meus braços dançavam levemente e eu caminhava pelo espaço. Isso não demorou muito. Fui para a varanda observar novamente o céu. As nuvens falavam comigo... Nelas eu vi dois animais, que lembravam lobos, cachorros ou talvez onças... Estavam um de frente para o outro, suas patas dianteiras se tocavam, pareciam estar brigando, ou talvez se unindo... Vaguei minha mente por outras nuvens no céu e observei os pássaros dançando no ar. Ideias surgiam em minha cabeça, intuições, reflexões. Pensei em meus antepassados, minha amada avó que viajou ao Outro Mundo há dois anos. Desejei que suas almas estejam em paz e sua força continue nos guiando. Pedi aos Deuses por proteção a minha família, ao meu sobrinho recém-nascido nesse mundo, aos amigos e ao meu amor. Essa prece não se deu exatamente em palavras, mas em pensamentos, sensações...
Aos poucos fui saindo desse estado de profunda introspecção, mas ainda sinto-me conectada aos Deuses e a Natureza... Enquanto escrevia esse texto intuições vinham a minha mente, sinais surgiam em minha frente. Um bem-te-vi, uma abelha, uma brisa...
E assim acredito que será até o fim do dia, e espero que por toda a minha vida.

Os druidas, druidesas e pagãos celtas de ontem e hoje celebram os festivais do sol e da lua, solstícios e equinócios. Não sabemos como eram celebrados antigamente pelos celtas, e nem pretendemos (pelo menos não eu) celebrar exatamente como eram celebrados os ritos, os sacrifícios, enfim. Acredito que hoje os rituais e celebrações druídicas (em grupo e individualmente) mesmo não sendo realizadas exatamente como há anos atrás, seguem a essência celta. E a essência transcende a forma.
Penso também que celebramos os rituais e festivais não para os Deuses, não por uma “obrigação” que temos para com eles ou com o Druidismo. Celebramos os festivais para nós mesmos, para nos conectarmos mais com os Deuses e nossos antepassados. Ao honrar todos eles, recebemos em troca (de forma espontânea, e não induzida ou negociada) harmonia com os Deuses, a natureza e com nós mesmos. Ao celebrarmos os ritos e festivais sagrados nos harmonizamos mais com a Terra, nos sentimos curados, protegidos e abençoados. E não é necessário realizar um ritual grande e complexo. Uma simples, mas profunda meditação, acompanhada de orações, música, dança e/ou incensos já são suficientes.
O importante é estar conectado aos ciclos da natureza, à estação que se vive e ter consciência do que ela representa em sua vida.

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