O Mar que me cerca.
O Mar que me guia.
O Mar em mim.
A Terra que me rodeia.
A Terra que me sustenta.
A Terra em mim.
O Céu que me coroa.
O Céu que me inspira.
O Céu em mim.
Os Três Mundos, no mundo e em nós.
O Mar (as Águas), morada por excelência dos ancestrais, origem e fim da vida, o
sangue do mundo, o nosso próprio sangue. A Terra, morada dos seres viventes,
animais, seres humanos, vegetais, minerais. Ponto de intersecção entre os seres
visíveis e invisíveis, entre humanos, Deuses, ancestrais e espíritos. A Terra,
corpo do mundo, o nosso próprio corpo. O Céu, morada por excelência dos Deuses
e Imortais, os Brilhantes, a alma do mundo, a nossa própria alma.
Mas espere... Há Deuses também na
Terra e no Mar. E há Ancestrais também na Terra e no Céu. E Espíritos da
natureza também no Céu e no Mar. Três espirais unidas por um centro e se
movimentando em torno desse eixo. Ora o Céu toca o Mar, ora o Mar toca a Terra,
e ora a Terra toca o Céu... Raios do sol e da lua iluminando a superfície da
água. Fluxos d’água percorrendo as profundezas da Terra. Uma montanha ou colina
beijando o Céu...
(Três espirais, Triskele).
Os Três Mundos no mundo e os Três
Caldeirões da Poesia* em nós. O Mar e o Caldeirão do Aquecimento (físico). A
Terra e o Caldeirão do Movimento (emocional). O Céu e o Caldeirão da Sabedoria
(espiritual). O equilíbrio dos caldeirões implica no equilíbrio dos Três Mundos
em cada um de nós.
Na Encantaria amazônica existe
uma cosmovisão semelhante. O Fundo, a profundeza das Águas, morada dos
encantados e caruanas (seres, na forma humana e/ou animal, com grande poder e
conhecimento que auxiliam o pajé nos ritos de cura). O mundo dos seres viventes,
onde homens e mulheres vivem e se relacionam entre si e com os animais,
vegetais e minerais. O Céu, morada de Deus, santos e espíritos. O mundo dos
viventes é também ponto de intersecção entre o Céu e o Fundo, mas nesse
pensamento há uma diferença entre as duas cosmovisões (a Celta e a da Pajelança
cabocla) que merece ser mencionada: o Céu, e Deus, são considerados distantes e
de difícil alcance, o que não acontece na mitologia celta e no Druidismo, pois
essa distância é bastante relativa, já que é com frequência que Deuses se
comunicam com humanos e que humanos encontram-se com fadas. Em muitas culturas indígenas
brasileiras esse pensamento também é presente.
A Terra, o Corpo. O Mar, o Sangue.
O Céu, a Alma. Macrocosmo, e microcosmo. O planeta, e o ser humano. O
equilíbrio e a saúde (física, mental e espiritual) de um implicam no equilíbrio
e saúde do outro. Simples assim, difícil, porém.
O Céu acima de mim.
O Mar ao redor de mim.
A Terra abaixo de mim.
An Thribhis Mór! (O Grande Triskele)
Eu honro os Três Reinos.
Eu honro os ancestrais.
Eu honro os espíritos da natureza.
Que haja entre nós amizade e paz!
* Sobre os Três Caldeirões leia:
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