Breath
gently of the Air
Lie gently
on the Water
Touch
gently to the Fire”
…
“Caminhe gentilmente sobre a Terra
Respire gentilmente o Ar
Deite gentilmente sobre a água
Toque gentilmente ao Fogo”
(“Tread
gently on the Earth”, de Carolyn Hillyer)
No Druidismo é incentivado que
todos nós tenhamos uma vida consciente. Isso quer dizer que devemos ser
conscientes de nossos atos, pois eles afetam não só a nós mesmos, mas também aqueles
que estão a nossa volta; conscientes de nossos pensamentos, pois eles
direcionam a nossa vida; e conscientes de nossos sentimentos, pois eles motivam
a nossa caminhada.
Há um ditado druídico que diz “tread
gently on the Earth”, ou seja, “caminhe gentilmente sobre a Terra”, e seu
ensinamento não deve ser entendido literalmente, apenas, mas principalmente
simbolicamente. Caminhar gentilmente sobre a Terra é caminhar reconhecendo a
vida que há a nossa volta, e que cada passo que damos deixa pegadas, memórias e
legados. Que pegadas você tem deixado no mundo?
Procuro ter uma vida consciente e
faço isso de várias formas. Sou prudente em minha fala, pois sei que palavras
podem ferir ou curar mais do que uma espada ou um bálsamo. Ao almoçar ou jantar
sou consciente de que um (ou mais) animal e vegetais foram mortos para que eu e
minha família pudéssemos continuar vivendo. Diante daquele alimento, reflito sobre
os sacrifícios que foram feitos e faço uma oração agradecendo e bendizendo-o, e
com isso torno o nosso alimento sagrado. Ao despertar procuro lembrar dos
sonhos que tive e tentar entender as possíveis mensagens transmitidas. Ao
caminhar na rua olho com atenção a minha volta, notando as pessoas (quase
sempre apressadas e preocupadas...), a grama que cresce entre o asfalto, a
árvore que teve os galhos cortados, mas que ainda luta por se regenerar, os
pássaros voando de um fio elétrico a outro, um bem-te-vi cantando forte no alto
de uma árvore, o céu azul ou nublado, a lua rodeada de estrelas...
Ao comprar um produto, seja o que
for, penso no impacto que ele causou e que ainda vai causar no meio ambiente,
se for reciclável ótimo, se não, evito o máximo de comprar. Embora a gente
saiba que no Brasil o uso de sacolas plásticas, por exemplo, é comum e ainda
difícil de ser abolido (pois os governos e empresas não têm vergonha na cara
para criar políticas públicas de fato ecológicas), eu procuro evitar sacolas plásticas,
apesar de usarmos todos para jogar o lixo fora. O lixo, por sinal, é separado
em casa em orgânico, seco e reciclável, e sujo e não-reciclável, apesar de no
Pará e no Acre não haver coleta seletiva de lixo ainda assim mantemos esse
hábito, pois tenho consciência de que isso trará algum benefício à alguém
(quantas pessoas em situação financeira precária vivem da reciclagem no
Brasil?).
Dentre outras ações conscientes
que procuro manter em minha vida, essas são as principais e que me lembrei ao
escrever esse dia 21 (que nem é exatamente o dia 21, pois tenho consciência de que
me atrasei nos 30 dias druídicos rsrs). São ações pequenas e cotidianas, sei
que poderia fazer muito mais, mas também sei que o que faço já é alguma coisa e
é melhor do que não fazer nada. Algumas ações já são “tão conscientes” que já
se tornaram automáticas em mim, como fechar a torneira quando não estou usando
ao escovar os dentes e pensar em minha avó materna (já nas Terras Bem-Aventuradas)
enquanto preparo um rotineiro (e sagrado) café da tarde. No final das contas,
viver consciente é ter a plena consciência de que existem muitas outras
consciências a nossa volta, sejam elas visíveis ou não, e que estamos todos ligados
num emaranhado de nós e laços, imersos numa Grande Teia.
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