2 de janeiro de 2013

21. Vida Consciente

“Tread gently on the Earth
Breath gently of the Air
Lie gently on the Water
Touch gently to the Fire”
“Caminhe gentilmente sobre a Terra
Respire gentilmente o Ar
Deite gentilmente sobre a água
Toque gentilmente ao Fogo”
(“Tread gently on the Earth”, de Carolyn Hillyer)


No Druidismo é incentivado que todos nós tenhamos uma vida consciente. Isso quer dizer que devemos ser conscientes de nossos atos, pois eles afetam não só a nós mesmos, mas também aqueles que estão a nossa volta; conscientes de nossos pensamentos, pois eles direcionam a nossa vida; e conscientes de nossos sentimentos, pois eles motivam a nossa caminhada.
Há um ditado druídico que diz “tread gently on the Earth”, ou seja, “caminhe gentilmente sobre a Terra”, e seu ensinamento não deve ser entendido literalmente, apenas, mas principalmente simbolicamente. Caminhar gentilmente sobre a Terra é caminhar reconhecendo a vida que há a nossa volta, e que cada passo que damos deixa pegadas, memórias e legados. Que pegadas você tem deixado no mundo?

Procuro ter uma vida consciente e faço isso de várias formas. Sou prudente em minha fala, pois sei que palavras podem ferir ou curar mais do que uma espada ou um bálsamo. Ao almoçar ou jantar sou consciente de que um (ou mais) animal e vegetais foram mortos para que eu e minha família pudéssemos continuar vivendo. Diante daquele alimento, reflito sobre os sacrifícios que foram feitos e faço uma oração agradecendo e bendizendo-o, e com isso torno o nosso alimento sagrado. Ao despertar procuro lembrar dos sonhos que tive e tentar entender as possíveis mensagens transmitidas. Ao caminhar na rua olho com atenção a minha volta, notando as pessoas (quase sempre apressadas e preocupadas...), a grama que cresce entre o asfalto, a árvore que teve os galhos cortados, mas que ainda luta por se regenerar, os pássaros voando de um fio elétrico a outro, um bem-te-vi cantando forte no alto de uma árvore, o céu azul ou nublado, a lua rodeada de estrelas...
Ao comprar um produto, seja o que for, penso no impacto que ele causou e que ainda vai causar no meio ambiente, se for reciclável ótimo, se não, evito o máximo de comprar. Embora a gente saiba que no Brasil o uso de sacolas plásticas, por exemplo, é comum e ainda difícil de ser abolido (pois os governos e empresas não têm vergonha na cara para criar políticas públicas de fato ecológicas), eu procuro evitar sacolas plásticas, apesar de usarmos todos para jogar o lixo fora. O lixo, por sinal, é separado em casa em orgânico, seco e reciclável, e sujo e não-reciclável, apesar de no Pará e no Acre não haver coleta seletiva de lixo ainda assim mantemos esse hábito, pois tenho consciência de que isso trará algum benefício à alguém (quantas pessoas em situação financeira precária vivem da reciclagem no Brasil?).

Dentre outras ações conscientes que procuro manter em minha vida, essas são as principais e que me lembrei ao escrever esse dia 21 (que nem é exatamente o dia 21, pois tenho consciência de que me atrasei nos 30 dias druídicos rsrs). São ações pequenas e cotidianas, sei que poderia fazer muito mais, mas também sei que o que faço já é alguma coisa e é melhor do que não fazer nada. Algumas ações já são “tão conscientes” que já se tornaram automáticas em mim, como fechar a torneira quando não estou usando ao escovar os dentes e pensar em minha avó materna (já nas Terras Bem-Aventuradas) enquanto preparo um rotineiro (e sagrado) café da tarde. No final das contas, viver consciente é ter a plena consciência de que existem muitas outras consciências a nossa volta, sejam elas visíveis ou não, e que estamos todos ligados num emaranhado de nós e laços, imersos numa Grande Teia.


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