("Celtoi Volveci", um evento moderno cultural céltico na Europa)
O Druidismo é uma das religiões
no mundo mais focadas na vida comunitária, no sentido de Clã, e Clã quer dizer
família, e família, como escrevi no dia 22, existe a de sangue e a de alma.
Mesmo que uma pessoa afirme praticar
“solitariamente” o Druidismo, vai chegar um momento na vida dela em que sentirá
uma necessidade de compartilhar conhecimentos e celebrar em conjunto os
festivais. Faz parte do caminho druídico e reconstrucionista celta o sentir-se
parte de uma família, um clã, um grupo ou “bosque”. É um sentimento quase que intrínseco
em nós.
A imagem de um grupo de pessoas
que se querem bem sentadas ao redor de uma fogueira ou lareira, cantando músicas
antigas e novas, contando histórias dos antepassados, do dia-a-dia ou mesmo
histórias engraçadas, partilhando de boa bebida, boa comida e claro, boa
conversa, é algo que muito, mas muito mesmo nos agrada e conforta a alma. Pois
é exatamente aí que podemos perceber a essência, a alma da(s) cultura(s) celta(s)...
Mesmo que os antigos celtas estivessem divididos em várias tribos, umas aliadas
outras inimigas, o sentimento de lealdade, amizade e alegria é que buscamos ressaltar.
(Foto durante o III EBDRC, em novembro de 2012)
Muitas pessoas no Brasil seguem o
caminho druídico individualmente simplesmente porque não encontraram ainda
outras pessoas interessadas para formar um grupo. A maioria dos grupos
druídicos se concentra no sudeste brasileiro (principalmente no estado de São
Paulo), mas aos poucos novos grupos ou bosques vão surgindo em outras cidades e
regiões do Brasil. Hoje podemos encontrar grupos, além de São Paulo, em
Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis, Rio de Janeiro, João Pessoa, Recife,
Salvador, Brasília, Belém... Alguns já existem há certo tempo e possuem as
raízes fortes, outros ainda estão se construindo e aos poucos se fortalecendo.
Provavelmente também existem diversas
pessoas espalhadas pelo Brasil estudando e seguindo o Druidismo, ainda
timidamente, mas que não tardará muito para entrarmos em contato com elas ou
elas entrarem em contato conosco. Com “conosco” quero dizer a “Comunidade” ou “Família
Druídica Brasileira”, pois hoje creio que podemos nos sentir e nos denominar
dessa forma. Não sem exagero, pois recentemente, em 2012, nasceu o que há meses
ou mesmo anos se sonhava e planejava: o Conselho Brasileiro de Druidismo e
Reconstrucionismo Celta. O nome é grande, mas é porque a família também é
grande, e isso implica em diversidade, mesmo na unidade, e também em respeito.
Dentro do Conselho há representantes no momento de quase todos os grupos do
Brasil e de diferentes ramos. E apesar das diferenças, pequenas na verdade, são
as semelhanças e os sonhos em comum que nos unem nessa causa por reconhecimento
e respeito no âmbito social e legal, além de outras coisas tão importantes quanto.
Se você ainda não encontrou um
grupo em sua cidade, tenha paciência que um dia encontrará ou construirá.
Enquanto isso, continue estudando e vivenciando sua espiritualidade. O
Druidismo é como uma semente que se espalha no vento... Como a kapok, a linda
semente da mãe Samaúma... Mas nosso intuito não é espalhar o Druidismo para
agregar mais adeptos, num sentido proselitista. Pelo contrário, não apoiamos nenhuma
forma de proselitismo ou fundamentalismo. Acredito que cada um tem o seu
caminho... Aquele que toca a sua alma. O mundo é diverso, e é na diversidade do
mundo, de seus povos, crenças e culturas que reside a sua beleza.
O Druidismo é como uma semente no
sentido de que mesmo que uma pessoa decida não seguir esse caminho, se ela ao
menos compreender uma pequena parte do que é Druidismo (e de modo geral o
Paganismo ou Politeísmo) algo novo irá brotar dentro dela. Uma nova perspectiva
de mundo, um novo olhar, uma nova forma de vida, uma semente... Mesmo que essa
pessoa siga por outras sendas depois, ela nunca mais vai olhar o mundo e as
pessoas com os olhos de antes. E o mundo para ela, e quem sabe para outras,
será um outro mundo... Um mundo melhor (assim esperamos).
Pois uma das coisas fundamentais
que se aprende no Druidismo é que vivemos em comunidade. Ou melhor, vivemos em
Comunidades dentro de uma Grande Comunidade. E não podemos ignorar nem cortar
os laços que nos ligam. Devemos respeitar esses laços e zelar para que a
harmonia e a paz se façam não só em uma, mas em todas as comunidades do mundo.
Utopia? Quem sabe. Mas como já disse William Shakespeare, não é de pó e matéria
que somos feitos, mas sim de sonhos. “Nós somos do tecido de que são feitos os
sonhos”, ele escreveu.
(Dança Circular Sagrada, durante o III EBDRC)
E nas palavras de Eduardo
Galeano, “A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta
dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu
caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que
eu não deixe de caminhar”.
Mais do que qualquer outra coisa,
o que motiva nossas vidas são os sonhos. Para uns, utopia. Para outros, metas.
Para os druidas (e druidistas), é a inspiração em ação.
(Fogueira sagrada no último dia do III EBDRC)
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