18 de dezembro de 2012

15. Histórias


"Creio que a imaginação pode mais que o conhecimento. Que o mito pode mais que a história. Que os sonhos podem mais que os fatos. Que a esperança sempre vence a experiência. Que só o riso cura a tristeza. E creio que o Amor pode mais que a morte" (Robert Fulghum).

(imagem extraída do site alfsaga.com)

Quem não gosta de ouvir uma boa história? Seja de amor, terror ou engraçada? Ou tudo isso junto?! Quando era mais nova e faltava luz em casa, eu e minhas irmãs acendíamos umas velas e contávamos histórias de visagens. Dava medo, mas era muito divertido. Quando viajávamos em família nas férias para o interior do estado, especificamente para Ponta de Pedras (Ilha do Marajó-PA), à noite costumávamos sentar na frente da casa e conversar com os parentes e vizinhos. A conversa era sobre de tudo um pouco, desde fofocas, piadas, trabalho e amor até os “causos” de visagens e assombrações da região. Acho que não há nada mais gostoso do que se reunir com amigos e parentes e conversar, compartilhar, tecer ideias e saberes. Dos povos mais antigos até os contemporâneos fazem isso, tendo uma fogueira no centro ou nada, simplesmente o entrecruzar dos olhares e falas.

Entre os celtas existiam os bardos ou fíli, exímios contadores de histórias, conhecedores das linhagens antigas, menestréis e poetas. Para os guerreiros era uma grande honra terem seu nome cantado na música ou poesia de um bardo, e para os reis era sinal de prestígio e longa memória ao seu legado serem lembrados nas canções. Uma desonra ou desrespeito cometido contra a tribo, a terra ou a um bardo traria péssimas consequências ao indivíduo que o fizesse. A força de uma palavra para os celtas era maior do que a força de uma espada.

Para conhecer uma cultura conheça os seus mitos, pois os mitos falam muito da cultura e do povo em questão. Nos mitos podemos encontrar as crenças de um povo, as divindades que cultuavam, as leis que regiam a sociedade, os costumes, os ritos, entre outras coisas. Por isso, é impossível estudar o Druidismo sem estudar os mitos celtas, ou seja, mitos gaélicos, gauleses, galeses... Pois mesmo que a grande maioria tenha sido escrita na era cristã, o legado cultural celta é claramente perceptível nas entrelinhas desses mitos. Hoje em dia, graças aos Deuses e aos druidas e druidistas que se dispuserem ao trabalho, encontramos muitos mitos traduzidos para o português (que você pode encontrar, inclusive, em alguns sites sugeridos numa lista à direita desse blog). Muitos, porém, ainda estão escritos em gaélico (irlandês), latim, inglês ou francês. E grande parte desses mitos está disponível em livros e na internet.

Alguns druidistas e/ou bardos do Druidismo ou RC hoje realizam cursos de formação em Contação de histórias, o que é uma ideia bem legal para aprimorar ou adquirir essa habilidade. Embora eu acredite que todos nós sejamos contadores de histórias, há aqueles que nascem com um dom pra coisa e outros que podem desenvolver ao longo da vida. De qualquer forma, contar histórias é um dos hábitos mais antigos da humanidade e sua função é desde entreter até transmitir uma grande verdade. Pois como dizem, o mito é uma verdade que nunca foi, mas que sempre é.

Foi-se a ideia de que mito é uma história sem sentido e fantasiosa da realidade. Quem pensa assim está totalmente desinformado. Sabe-se há muito que os mitos revelam uma outra visão sobre a realidade que nos cerca. Uma visão mais simbólica, complexa e intricada de significados. E não é por que sua linguagem é simbólica e mítica que deve ser ignorada, muito pelo contrário, é através dela que encontraremos muitas vezes as respostas mais profundas para nossos sonhos e medos. 

"Muitos creem que os humanos criaram as divindades, e que podem desfazê-las novamente; mas nós, que as vimos passar com seus arreios tilintantes e trajando túnicas suaves, nós que ouvimos suas vozes articuladas enquanto permanecíamos como que em transe mortal, sabemos que eles estão constantemente criando e desfazendo a humanidade" (William Butler Yeats, em Rosa Alchemica).

Nenhum comentário:

Postar um comentário