"Creio que a imaginação pode mais que o conhecimento. Que o mito
pode mais que a história. Que os sonhos podem mais que os fatos. Que a
esperança sempre vence a experiência. Que só o riso cura a tristeza. E creio
que o Amor pode mais que a morte" (Robert Fulghum).
(imagem extraída do site alfsaga.com)
Quem não gosta de ouvir uma boa
história? Seja de amor, terror ou engraçada? Ou tudo isso junto?! Quando era
mais nova e faltava luz em casa, eu e minhas irmãs acendíamos umas velas e contávamos
histórias de visagens. Dava medo, mas era muito divertido. Quando viajávamos em
família nas férias para o interior do estado, especificamente para Ponta de
Pedras (Ilha do Marajó-PA), à noite costumávamos sentar na frente da casa e
conversar com os parentes e vizinhos. A conversa era sobre de tudo um pouco,
desde fofocas, piadas, trabalho e amor até os “causos” de visagens e
assombrações da região. Acho que não há nada mais gostoso do que se reunir com
amigos e parentes e conversar, compartilhar, tecer ideias e saberes. Dos povos
mais antigos até os contemporâneos fazem isso, tendo uma fogueira no centro ou
nada, simplesmente o entrecruzar dos olhares e falas.
Entre os celtas existiam os
bardos ou fíli, exímios contadores de
histórias, conhecedores das linhagens antigas, menestréis e poetas. Para os guerreiros
era uma grande honra terem seu nome cantado na música ou poesia de um bardo, e
para os reis era sinal de prestígio e longa memória ao seu legado serem
lembrados nas canções. Uma desonra ou desrespeito cometido contra a tribo, a terra
ou a um bardo traria péssimas consequências ao indivíduo que o fizesse. A força
de uma palavra para os celtas era maior do que a força de uma espada.
Para conhecer uma cultura conheça
os seus mitos, pois os mitos falam muito da cultura e do povo em questão. Nos
mitos podemos encontrar as crenças de um povo, as divindades que cultuavam, as
leis que regiam a sociedade, os costumes, os ritos, entre outras coisas. Por
isso, é impossível estudar o Druidismo sem estudar os mitos celtas, ou seja,
mitos gaélicos, gauleses, galeses... Pois mesmo que a grande maioria tenha sido
escrita na era cristã, o legado cultural celta é claramente perceptível nas
entrelinhas desses mitos. Hoje em dia, graças aos Deuses e aos druidas e
druidistas que se dispuserem ao trabalho, encontramos muitos mitos traduzidos
para o português (que você pode encontrar, inclusive, em alguns sites sugeridos
numa lista à direita desse blog). Muitos, porém, ainda estão escritos em
gaélico (irlandês), latim, inglês ou francês. E grande parte desses mitos está
disponível em livros e na internet.
Alguns druidistas e/ou bardos do
Druidismo ou RC hoje realizam cursos de formação em Contação de histórias, o
que é uma ideia bem legal para aprimorar ou adquirir essa habilidade. Embora eu
acredite que todos nós sejamos contadores de histórias, há aqueles que nascem
com um dom pra coisa e outros que podem desenvolver ao longo da vida. De qualquer
forma, contar histórias é um dos hábitos mais antigos da humanidade e sua
função é desde entreter até transmitir uma grande verdade. Pois como dizem, o
mito é uma verdade que nunca foi, mas que sempre é.
Foi-se a ideia de que mito é uma
história sem sentido e fantasiosa da realidade. Quem pensa assim está
totalmente desinformado. Sabe-se há muito que os mitos revelam uma outra visão sobre
a realidade que nos cerca. Uma visão mais simbólica, complexa e intricada de
significados. E não é por que sua linguagem é simbólica e mítica que deve ser ignorada,
muito pelo contrário, é através dela que encontraremos muitas vezes as
respostas mais profundas para nossos sonhos e medos.
"Muitos creem que os humanos criaram as divindades, e que podem
desfazê-las novamente; mas nós, que as vimos passar com seus arreios
tilintantes e trajando túnicas suaves, nós que ouvimos suas vozes articuladas
enquanto permanecíamos como que em transe mortal, sabemos que eles estão
constantemente criando e desfazendo a humanidade" (William Butler Yeats,
em Rosa Alchemica).
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