(“Brigit”, de Pamela Matthews)
Acredito na existência de Buda,
Jesus, Krishna, Shiva, Oxum, Oxalá, Pachamama, Quetzacoatl, Iaci, Mapinguari, Grande
Deusa, Odin, Tupã Tenondé, Brighid, Manannan... Acredito, sim. Sei que existem,
pois há pessoas que acreditam neles e que os reverenciam. E “tudo que tem nome,
existe”, como disse-me uma vez uma professora de Psicologia da Religião em um
simpósio. Acredito nessas, e em outras tantas, divindades, mas não sou devota
de todas elas.
Pense comigo, se existem tantas
pessoas diferentes, e existem tantas culturas e religiões diferentes, e existem
tantos lugares e países diferentes, por que não haveria de existir tantos
deuses e deusas diferentes? Nenhum problema nisso. O mundo é diverso e uno ao
mesmo tempo. E se entendemos que os lugares, espaços e fenômenos naturais, como
rios, trovões, montanhas, florestas etc., são plenos de vida e, portanto, têm
alma, então faz todo o sentido crermos que cada lugar ou região têm uma força
que anima aquele lugar, ou seja, têm um deus ou deusa, ou deuses e deusas.
Gosto do que Ralph Waldo Emerson, um naturalista americano, disse:
“Aquele que vaga pelas florestas, percebe o quanto era natural para a
imaginação dos pagãos encontrar deuses em cada bosque e em cada nascente. Para
o pagão, a natureza não parece estar em silêncio, mas sedenta e ávida para
irromper em música. Cada árvore, flor e pedra é investida por ele de vida e
caráter. E é impossível que o vento, que sopra um som tão expressivo por entre
as folhas não signifique nada”.
Uma afirmação muito feliz essa,
assim eu penso. Creio que até ele mesmo captou esse espírito “pagão”.
Da mesma forma que umas pessoas
se dão com outras, é como acho que acontece a relação entre uma (ou mais)
divindade(s) com um indivíduo. Por pura e simples afinidade. Certos deuses
e deusas nos tocam a alma muito mais do que outros(as). Assim como gostamos de
um estilo de música, enquanto outra pessoa gosta de outro estilo. Tudo uma
questão de afinidade, algo tão simples de entender, mas tão difícil de explicar
em palavras.
Como é óbvio, sinto uma grande
afinidade pelos deuses celtas, em especial da mitologia gaélica, mas não somente.
Gosto também dos deuses galeses, gauleses, galaicos (embora ainda tenha pouco
conhecimento sobre esses últimos). Agora, não é porque eu sou devota desses
deuses que menosprezo os deuses de outros povos. Isso jamais! E acho
extremamente rude, ridículo e desrespeitoso quem ofende os deuses de outras culturas
e quem neles acreditam. A Terra é uma só, apesar de abrigar tantos povos e
religiões diferentes. A Verdade é um espelho de muitas faces e é tão complexa
que não poderia caber em apenas uma verdade religiosa. É como aquela história dos cegos e o elefante, sabe? Brilhante...!
Então, dentre os deuses e deusas
celtas tenho um carinho maior por Brighid, Ériu, Dagda, Manannan e Angus Mac
Og. Ériu, porque amo a Irlanda e quando estive lá pude sentir caminhando sobre
aquela terra o Poder de Ériu... Dagda porque o acho engraçado e muito, muito
sábio. Manannan porque adoro o mar e as águas... Angus porque adoro seus mitos e
por ser o protetor dos que se amam. Além disso, gosto de um aspecto dele como
um deus feérico. Tive um sonho uma vez, há não muito tempo, em que ele me
surgia na forma de um menino loiro rodeado por fadas e outros seres (visíveis e
invisíveis). Conheces a história do Peter Pan, né? Tenho a forte intuição de que
esse conto foi inspirado no deus Angus (o Jovem Deus... O menino que não quer
crescer... Terra do Verão, onde não há morte, nem velhice, nem doença... Terra
do Nunca... hum... semelhanças demais, não acha?). E Brighid... Ah a Brighid...!
Nem sei quando comecei a “prosear” com ela, ou quando ela começou a “prosear”
comigo, só sei que quando vi já éramos amigas, irmãs...! Ela, minha mestra, eu
sua aprendiz. Ela, minha mãe, eu sua filha. Ela, minha matrona e senhora, e eu
sua sacerdotisa...
É a ela que recorro quando
preciso de conselhos ou quando preciso adquirir algum conhecimento. É nela que
penso quando vou dormir e quando me levanto. É a ela que agradeço quando
observo um lindo pôr-do-sol e quando ouço uma linda canção. É a ela que oro
quando saio de casa e quando pego um avião. Pode parecer meio estranho para
alguns, mas é assim minha relação com Brighid, e de certa forma com os deuses
de minha fé, o Druidismo.
Recentemente, tenho começado a “prosear”
com Ogma, meio óbvio né? Já que iniciei os estudos sobre Ogham, e ninguém
melhor do que ele para me ensinar sobre isso. Embora sua linguagem seja ainda um
pouco difícil de entender, mas o seu olhar é muito doce e gentil...
Muitos druidas e druidistas têm afinidade
com um ou mais deuses. Alguns sabem quem é seu patrono ou matrona, outros ainda
estão descobrindo. Se ainda não descobriu, não tenha pressa. Ele ou Ela irá
aparecer no seu caminho de uma forma ou de outra, e quando você se der conta
ele(a) já estará ali, te acompanhando e te guiando.
Alguns Deuses também surgem em
determinado momento de nossa vida, a nosso pedido ou não, para nos ensinar
alguma coisa, ou nos proteger de algum perigo, ou esclarecer alguma questão
importante, ou tudo isso ao mesmo tempo. O que você tem que fazer é apenas ouvir,
observar e sentir o que ele(s) ou ela(s) está(estão) lhe dizendo. E depois que
compreender, agradeça. O seu sentimento de amizade e honra fará com que o laço
entre vocês nunca se quebre e seus caminhos nunca se separem, e a hospitalidade
fará com que haja paz entre vocês e em seu lar. E isso é uma verdadeira benção.
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